Existe um mito entre alguns praticantes de yoga de que a prática só traz benefícios ao corpo. Sou aqui até suspeita para falar, uma vez que me reabilitei de vários problemas de saúde com a prática, conheci milhares de casos onde a prática foi benéfica e por que, evidentemente, trabalho como Yogaterapeuta.
Mas o fato é que também já me lesionei fazendo yoga, quando praticava um estilo muito forte que, por ignorância minha e falta de percepção do meu professor na época, não era apropriado ao meu corpo e ao meu histórico de lesões articulares.
Por isso hoje sou tão meticulosa em relação ao meus alunos/pacientes e repito sempre: o yoga, como qualquer atividade corporal, deve ser praticada dentro de um limite saudável para o seu corpo e com muito bom senso e orientação. Se mal feita ou em excesso, pode machucar!
Hoje saiu na Folha Equilíbrio a matéria sobre o livro “Moderna Ciência do Yoga – Os Riscos e as Recompensas” (ed. Valentina), de William Broad, que é jornalista do New York Times e praticante de Yoga há mais de 40 anos.
O livro relata casos graves de lesões ocorridas em função da prática de yoga, como o da mulher de 28 anos que sofreu um acidente vascular cerebral quando executava a postura do arco elevado: o corpo fica arqueado para trás o mais alto possível, apoiado nos pés e nas mãos, enquanto também se dobra o pescoço.
Na hora, ela sentiu “uma severa dor de cabeça latejante”. No hospital, os médicos descobriram que uma artéria do pescoço tinha sido comprimida. Depois de dois anos de fisioterapia, ela ainda sofria tremores no braço esquerdo e sequelas no olho.
Quando o livro saiu nos EUA,em 2012, William Broad foi chamado de “o inimigo número um da yoga”. “Para muitos, ioga é como uma religião”, disse Broad. “Fui considerado um herege.” Ele levantou estudos que relatavam um crescente número de lesões, além de lembrar sua própria experiência como lesionado.
Ultrapassar os limites do desconforto físico pode ser uma escolha do próprio aluno
É evidente que o número de lesões cresce porque cresce ainda mais o número de praticantes, especialmente nos Estados Unidos. Em salas lotadas, é quase impossível que o profissional consiga acompanhar os movimentos de todos os alunos na sala, e saber o processo físico e demanda individual de cada um. Por isso, cabe ao aluno primar pela sua saúde compreendendo os seus limites, e não tentando imitar o colega mais avançado. Além disso, avisar imediatamente ao professor, antes do início da aula, se tiver qualquer questão física a ser respeitada, como uma hérnia, problemas nos joelhos, cardiopatia, etc.
Em um estudo realizado em 2009 com 1.300 professores e terapeutas de 34 países pedindo que informassem sobre lesões sérias que tinham visto, houve 231 relatos de lesões na porção inferior nas costas, 219 incidentes nos ombros, 174 no joelho, 110 no pescoço e ainda 43 ocorrências de hérnia de disco, 17 relatos de fraturas e cinco casos de problemas cardíacos. E apareceu o AVC, com quatro relatos.
“Não acredito que a ioga seja arriscada. Sou professor há mais de 30 anos e nunca tive casos”, diz Anderson Allegro, 49, presidente da Aliança do Yoga, fórum de escolas de ioga no Brasil.
Mas eles existem. O ortopedista Henrique Cabrita, do Instituto Vita, diz receber até dois pacientes por mês com lesão no quadril por excesso de esforço em posturas de ioga. Já no Instituto Cohen de Ortopedia, “as lesões não são tão frequentes”, segundo o ortopedista Moisés Cohen. Mas ele já atendeu casos de lesões nos meniscos que necessitaram de cirurgia.
Apesar dos possíveis riscos, Broad, os mestres e os médicos ouvidos concordam que os benefícios são grandes, desde que o praticante e seu orientador estejam alertas.
“Os riscos, em geral, estão relacionados a erros nas posições e excessos de treinamento”, afirma Cohen.
E Cabrita adverte: “Pacientes com artrose de quadril não devem fazem posições extremas. É importante ter uma boa orientação e que se conheçam lesões e queixas de dores dos praticantes”.
Por isso escolham muito bem seus orientadores e especialmente, respeitem a si mesmos durante a prática. Assim vocês estarão sempre protegidos de lesões e colherão apenas os bons resultados da Yoga.
Abaixo, o quadro mostra os pontos mais comuns de dores nos praticantes pesquisados para o livro.
Fonte: Folha Equilíbrio / arte: Folhapress
1 Comment
Muito bom o esclarecimento, as pessoas só falam do lado bom, mas,o exagero e falta de cuidado podem causar danos irreparáveis.
Sabedoria e prudência não faz mal a ninguém.
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