Chegou a segunda feira e nitidamente já sentimos a diferença de ritmo que veio do fim de semana.
A percepção de que o ritmo da vida moderna está atropelando os sentidos tem dado inúmeros sinais de insatisfação.
Por isso surgiram os movimentos Slow Food e Slow Cities.
O Slow Food começou na Itália em 1986 e ficou conhecido como um protesto contra o fast food. Prioriza a cozinha regional e natural, avessa a produtos semiprontos e congelados. Sua filosofia defende a necessidade de informação do consumidor, protege identidades culturais ligadas a tradições alimentares e gastronômicas, protege produtos alimentares e comidas, processos e técnicas de cultivo e processamento herdados por tradição, e defende espécies vegetais e animais, domésticas e selvagens. O alimento, portanto, deve ser bom, limpo e justo, o que significa que ele deve ser saboroso, deve ser produzido de forma a respeitar o meio ambiente e os preços devem ser justos, tanto para quem os produz, quanto para quem os consome.
Mais que uma tendência culinária, defende o tempo para desfrutar a vida. Encorajando as pessoas a preparar suas próprias refeições e compartilhá-las com entes queridos, tenta chamar a atenção para um prazer que a modernidade tem suprimido e a necessidade de preservação do meio ambiente.
Nas cidades
Na onda deste movimento, surgiu o Slow Cities, que congrega uma rede internacional de cidades que buscam elevar ou manter a qualidade de seus cidadãos por meio da valorização de sua cultura, gastronomia, espaço rural e urbano. Conhecidas no Brasil como cidades do bem-viver. O movimento está em 30 cidades italianas e se expandiu por países como Alemanha, Noruega, Reino Unido, Polônia, Portugal e Espanha. Duas cidades brasileiras estão incluídas: Antônio Prado (RS) e Tiradentes (MG). O objetivo é resistir à homogeneização, apoiar a diversidade cultural e as especialidades locais.
O secretário de Turismo, Cultura e Meio Ambiente de Tiradentes, Marcelo Gomes, diz que a cidade de 7 mil habitantes não precisou mudar de ritmo para ser certificada – as características do bem-viver já estavam presentes. “Nossa preocupação é mantê-las”, diz. A participação no movimento não diminuiu a atividade econômica. “Desde 2002, 17 casais que moravam em grandes centros estressados se mudaram para cá e abriram pousadas e restaurantes, gerando empregos”, afirma Gomes.
As cidades candidatas ao selo slow city – certificação de qualidade de vida – passam por uma seleção. Precisam ter menos de 50 mil habitantes e seguir rigorosamente 55 princípios ligados a política ambiental, sustentabilidade urbana, infra-estrutura, incentivo a produtos locais, hospitalidade e senso de comunidade. E têm de conservar seu patrimônio histórico. A cidade italiana de Bra, no Piemonte, com 27 mil habitantes, é a sede do movimento. Lá, um decreto municipal obriga o comércio a fechar às quintas-feiras para que os proprietários tenham tempo de cuidar da vida pessoal.
Ao que parece, se o tempo não pára, em algumas cidades ele passa mais devagar
Mas se você ainda não pode (ou não quer) morar em uma cidade pequena do interior, pode começar a desenvolver o senso de pausa que, com equilíbrio, trará imensos benefícios à sua saúde física e mental.
O primeiro livro que li sobre o assunto, há quase 10 anos atrás, mudou minha mente sobre este paradoxo do tempo. ‘Devagar’, de Carl Honoré, mostra que a cultura da velocidade teve início durante a Revolução Industrial, foi impulsionada pela urbanização e cresceu desenfreadamente com os avanços da tecnologia no século XX. Com o mundo em plena atividade, o culto à velocidade nos impeliu ao colapso. Vivendo no limite da exaustão, estamos sendo constantemente lembrados por nossos corpos e mentes que o ritmo da vida está girando fora de controle. Este livro traça a história de nossa intensa relação de pressa com o tempo, e atrela as conseqüências e charadas de viver nesta cultura acelerada, criação nossa. Por que estamos sempre com pressa? Qual a cura para a falta de tempo? É possível, ou até mesmo desejável, desacelerar? Percebendo o preço que pagamos pela velocidade implacável, as pessoas em todo o mundo estão reivindicando o tempo delas e desacelerando o passo – vivendo mais felizes e, conseqüentemente, de forma mais produtiva e saudável.
Foi um marco na minha vida e aqui divido com vocês. Aproveitem a semana para observar o ritmo de vocês e depois dividam aqui com a gente sua opinião sobre o viver em extrema velocidade.
Confira mais sobre o Slow Food no Brasil clicando aqui.
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