O que realmente te faz sentir segurança? Tenho escutado muitas pessoas argumentarem que no momento atual de nossa economia precisamos tomar cuidado porque tudo pode desmoronar. Uns dizem que o desemprego vai aumentar, outros que a violência vai piorar, outros que a corrupção nunca vai acabar, que a resseção vai se instalar. E, com isso, uma onda de insegurança vai tomando conta. As pessoas se retraem, deixam de acreditar, investir, ousar. O que aparentemente parece ser cautela ou prudência, na verdade é fruto do medo instalado e potencializado porque no fundo a sensação de se sentir seguro na vida era uma mera ilusão.
A segurança é um sentimento que no decorrer de nossa vida, desde que nascemos, só ocorre se tivermos experiências emocionais boas, caso contrário, fica uma enorme quantidade de insegurança em nossas memórias, corpo, mente e cada vez que algo ocorre no mundo externo que conote perigo, a insegurança vem como uma avalanche. Ficamos tomada por ela e passamos a ver o mundo a partir de sua lente.
O que faz uma pessoa sentir-se segura é receber, quando pequena, amor, carinho, cuidados físicos e psicológicos, compreensão frente às suas necessidades emocionais e uma certa dose de segurança por parte dos pais ou cuidadores.
Quem acompanha meus textos pode perceber que volto a estes ingredientes com frequência. Isto porque eles são a base para que um bom desenvolvimento emocional ocorra.
Pessoas que são criadas em ambientes tensos, que recebem uma educação pautada no medo, na insegurança, no desrespeito, na violência física e/ou emocioanal, na rigidez de normas e condutas sociais irão sentir-se inseguras na maior parte do tempo e da vida. Com muito custo, lutarão para sentir segurança. Muitos podem buscá-la no financeiro, nos bens materiais, num bom emprego ou num emprego que pague salário todo mês, num relacionamento ou podem se tornar quase que uma máquina produtiva na vida, extremamente competente e que não se abala por nada.
A pessoa contrói uma muralha para proteger seu castelo. Nada contra ganhar bem, poder comprar coisas materiais, estar num relacionamento gostoso e saudável e ser criativo/construtivo. A questão é quando isso se torna imprescindível para garantir a sensação de segurança.
Perceba como andam seus pensamentos, suas crenças, seus sentimentos. Eles dão uma idéia de como anda seu interno. Mesmo que você tenha aprendido que o mundo é cruel, violento, que precisa tomar muito cuidado, isso não quer dizer que seja dessa forma.
Enxergamos o mundo, as pessoas, os relacionamentos a partir de nossa bagagem emocional.
Temos sempre a oportunidade de criar, de construir novos caminhos, de aprender novos pontos de vista. Para isso é necessário uma abertura para poder receber novos ingredientes. Conheço indivíduos que passam a vida se deparando com as mesmas situações e que culpam o externo. Não conseguem perceber que estão presos numa dinâmica interna patológica. Sem cuidar, sem transformar, deixamos de criar, deixamos de existir e isso faz o medo aumentar e a insegurança dominar.
Ouvi histórias e eu mesma já vivenciei isso. Quem nunca experimentou gastar mais do que havia programado ou se lançar ao desconhecido, mudando o roteiro, numa viagem? Quando quebramos com a rotina, deixamos para trás as preocupações, os medos, as crenças limitantes e apavorantes nos tornamos mais livres para ousar, arriscar.
Introduzir esse funcionamento no dia-a-dia além de libertador, traz a verdadeira segurança e de bônus acessamos a felicidade. É importante avaliarmos nossas escolhas, mas também detectar se o medo está muito presente, pois pode impedir uma experiência na vida mais leve, gostosa, com menos sofrimento, dor, angústia. Como venho apresentando nos textos, o caminho do autoconhecimento é o que torna possível cuidar e mudar o rumo de um funcionamento cristalizado e repetitivo para um criativo.
É possivel sim recriamos nossos caminhos desde que transformemos nosso interno.
Cristina Ciola Fonseca
Psicanalista
(11) 5052 9286 / 99850 9074
crisciola@hotmail.com
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