Control-Freak

Você tem noção do quanto precisa controlar a vida, as relações, o trabalho, a família para sentir segurança. Da onde vem essa necessidade de controlar?

O medo do futuro, de não conseguir saber se ficará tudo bem ou se dará tudo certo é um fator que contribui para que o controle ocupe grande parte de nossas vidas.

Controlar até pode dar uma sensação de bem estar, de que tudo está em ordem. Então por que precisamos vivenciar a ordem? A reposta novamente será segurança e junto com ela acompanha o bem estar e tranquilidade. Podemos ficar inquietos, receiosos e ansiosos caso a insegurança se torne um elemento muito constante e atuante no dia a dia.

Acontece que como é uma sensação, pode ser uma grande ilusão. O controle da vida e de outras instâncias não garante necessariamente o sucesso, seja ele no âmbito financeiro, da saúde, da qualidade nas relações afetivas, do trabalho e etc.

A necessidade de controlar pode variar de intensidade e frequencia nas pessoas. As que tiveram boas experiências emocionais no passado, provavelmente não precisarão utilizar esse recurso para passar pela vida. Conseguirão lidar com o incerto e com o caos de maneira construtiva e criativa. Mesmo que sintam medo, conseguirão encontrar outros elementos dentro de si para lidar com os obstáculos e emoções e sentimentos de forma a superá-los. Conseguirão enfrentar desafios com menos sofrimento.

O controle não ajuda na superacão dos conflitos e medos. Na verdade aprisiona o indivíduo numa vivência repetitiva, pobre e desgastante. A necessidade de controlar nasce da falta de segurança que uma criança recebe a partir da relação de seus progenitores ou cuidadores com ela e entre eles.

Crianças que são criadas por pais aflitos, medrosos, nervosos, descontrolados, desorganizados durante o nascimento até a adolescência não desenvolvem recursos internos bons e criativos para ajudá-las ao longo da vida.

Como meio de sobrevivência vem a necessidade de controlar, que é um recurso pobre mas muito eficiente, pois dá força para a criança continuar a lutar pela vida. O problema é que esse recurso, ao longo do tempo, se torna obsoleto e nocivo. O adulto que o utiliza com frequencia perde a chance de crescer internamente e externamente. Pode ficar no mesmo cargo por anos ou tornar-se uma pessoa difícil de se lidar porque será muito exigente consigo e com os outros. Terá pouca capicidade de flexibilizar e de inovar. Pode até tornar-se extremamente controlador e autoritário. Tende a ser metódico e até obssessivo.

Um jeito de deixar de controlar é buscar compreender a origem dessa necessidade. Também ajuda perceber os sentimentos que estão envolvidos caso venha a sensação de perder o controle. Algumas pessoas podem desenvolver sindrome do pânico ou crises ansiosas devido ao medo e vivências intensas de desamparo afetivo. Por isso, que o cuidado do mundo interno e das emoções é fundamental para a transformação de recursos e experiências difíceis e dolorosas em novos recursos possibilitadores de boas experiências.

Indivíduos controladores tendem a achar que suas vidas estão em perfeita harmonia e deixam de enxergar problemas em si, na família e nas relações próximas. E, quando algo acontece que desestabilizam-no emocionalmente tendem a perder o chão de forma avassaladora, podendo adoecer fisica e emocionalmente.

Cristina Ciola Fonseca
Psicanalista
(11) 99850 9074/ 5052 9286
crisciola@hotmail.com

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