O Budismo nasceu na Índia, no séc. VI a.C., com Buda Shakyamuni. Siddhartha Gautama – “Aquele cujo Desígnio será alcançado” ( nome de origem do Buda Shakyamuni) nasceu ao norte da Índia (atualmente Nepal) como um rico príncipe pertencente a família real dos Sákyas. Durante a gravidez, a rainha Maya, mãe de Sidarta, sentia um contentamento tão profundo que inspirou o rei se voltar para as práticas espirituais, encorajando a ação benevolente e compassiva em todos ao seu redor. Na primavera, a rainha deu à luz nos Jardins de Lumbini, sob uma árvore em flor, e faleceu pouco tempo depois.
Criado sob os preceitos das antigas religiões indianas (naquele tempo, a Índia era um território muito rico nas práticas espiritualistas – Yoga já era praticado como ciência espiritualista -, bem como nas ciências como matemática e filosofia), Sidarta foi cercado de belezas e prazeres pelo pai que, temendo que seu único filho deixasse o lar em busca da verdade, o protegeu da visão de qualquer sofrimento.
Quando o príncipe Sidarta atingiu a maioridade, atendeu o desejo de seu pai de se casar, escolhendo a sábia e virtuosa princesa Gopa, cuja mão conquistou mostrando-se mestre nas artes e ciências mundanas, como os esportes (luta, corrida, natação, arte de cavalgar…), as artes (pintura, escultura, música instrumental, canto, dança…) e o comércio.
Além de tais habilidades, Sidarta tinha completo domínio da magia, dos mistérios da natureza, astrologia, escrituras tradicionais indianas, debate, ritos religiosos e Yoga.
Gopa espelhava as qualidades do príncipe, com pureza de coração, indiferente ao luxo e à ostentação. Eles viveram em deleite, nas mais elegantes moradias.
Aos 29 anos, durante quatro passeios aos jardins fora dos muros da cidade real, o príncipe teve quatro visões que transformaram sua vida: um velho homem, abandonado por sua família; um homem desfigurado pela doença e dominado pela dor; um corpo sem vida a caminho do sepultamento, seguido pelos pesarosos parentes; e um tranquilo asceta concentrado na liberação. (Lembrando que o conceito de “liberação” ou “iluminação” já era praticado pelas filosofias da época, como o Yoga). Profundamente impressionado com a inevitabilidade do sofrimento e inspirado pela serenidade do asceta, o príncipe resolveu renunciar a seu reino para buscar o fim do sofrimento. O coração e a mente de Sidarta abriram-se completamente e ele abraçou o inevitável sofrimento de que os seres humanos padecem.
Partiu a cavalo com seu amigo e cocheiro Chandaka, a caminho da estupa do Buda anterior, Kasyapa, onde o príncipe trocou suas vestes reais pelas roupas em farrapos de um mendigo. Cortou seus cabelos, signo de sua condição real, rompendo simbolicamente os laços com a vida anterior. Mandou que o amigo retornasse ao palácio e foi em busca do “incriado, imorredouro, imperturbável”. Por um tempo viveu só na montanha de Rajagrha, e depois foi atrás de cada mestre do país, de cada filosofia, aprendendo seus ensinamentos, até que continuou sua busca espiritual por si só.
Viveu em lugares ermos e praticou as mais severas austeridades, como comer apenas um grão de arroz. Através de tais práticas, alcançou níveis de consciência muito expandidos, embora temporários, e desenvolveu extraordinário poder de determinação, mostrados em cada pedido de seu pai para que regressasse.
Compelido pela compaixão dos seres em sofrimento, abandonou a prática de austeridades, aceitou o prato de arroz com leite oferecido por uma donzela, e sentou-se solitário sob a árvore bodhi, a algumas milhas ao sul da vila de Gaya. Ali, fez voto de não se levantar até que tivesse atingido completa e perfeita iluminação. Sem se distrair ou seduzir com os deuses do medo e do prazer, Sidarta, naquela noite, compreendeu as as operações internas do samsara, o ciclo de nascimento e morte, as vidas passadas de todos os seres e observou o karma em operação.
Compreendeu os padrões de sofrimento, o emaranhado de suas causas e condições e a maneira de trazê-las a um fim. Torna-se um Buddha, o completamente desperto.
Após sete semanas, o Desperto levantou-se de sob a árvore bodhi e dirigiu-se ao Parque das Gazelas em Varanasi, onde residiam seus antigos seguidores. Pelos 45 anos seguintes, o Buddha viajou extensamente ensinando o Dharma a centenas de milhares de seguidores.
Durante o octogésimo ano de vida do senhor Buda, chegou o tempo de seu último ensinamento: Conclamou seus seguidores a buscarem a verdade por si mesmos e a agarrarem-se à verdade como uma lâmpada e a um refúgio. Depois de pronunciar suas últimas palavras – “Monges, a decadência é inerente a todas as coisas compostas”, o Desperto entrou em Paranirvana, fundindo-se com o inconcebível onipresente Dharmakaya.
Pelas mãos de seus discípulos, o budismo firma-se como filosofia e religião em diversas vertentes, que dão continuidade aos ensinamentos do Buddha.
A fonte deste texto é do budismo Vajraya, escola tibetana na qual estudei. ‘Caminhos para a Iluminação’ do Instituto Nyingma.
13 Comments
Quantos anos o Buda tinha quando começou a ensinar o Budismo por 45 anos seguidos?!
Achei muito bom!
Obrigada, estava precisando muitooooo para um trabalho para amanhã💋💋
os budistas cream em DEUS?
Ola Flavia, a visão do ABSOLUTO no budismo não esta centrada num único criador, mas sim em uma consciência manifestada em todos nós.
Bom!estou adiantado um trabalho de ensino religioso pra próxima semana
Qual a influencia do hinduísmo para o surgimento do
Acredito que este homem poderia fazer muito mais por todos a seu redor usado suasposes em benefício dos mais necessitados em vez de se isolar
Assim como jesus fez alimentou os famintos citou os infernos ressuscitou pessoas
Só existe um só Deus,aquele que fez o céus e a terra, aquele que cura, liberta,e salva,aquele que nos deu o seu único filho Jesus Cristo pra morrer na cruz do calvário pra nós salva.
Achei muito bom, mesmo sendo o texto com muitos nomes que perfazem a história. No tocante, o texto em tela, promove um primeiro encontro com a origem Budismo, de como veio, como surgiu e a partir de conceitos de um príncipe com muitas aptidões, aos 29 anos de idade.
Sobretudo, é importante realçar que as quatro visões de Buda Shakyamuni. Siddhartha Gautama, o Buddha, era pela sua visão de mundo, um tanto política, mas como um sábio, ele não se deteve em querer resolver essas deformidades sociais pelos caminhos políticos e sim religioso, transformando o poder da palavra, em uma força superior, sendo mais tarde, amplamente divulgado pela releitura de Nichiren Daishonin, no Japão, com a criação do Nam-Myoho-Rengue-Kyo e o Daimoku, que é a prática da recitação contínua por horas.
Soubemos que existem linhas diferenciadas do Budismo, as mais radicias, com a renúncia aos desejos mundanos e isolamento até os que no preceito, seguem ao contrário, tendo como os desejos mundanos coisas do mundo e da vidas, as quais, sem separar por completo, no tocante, as necessidades da simples sobrevivência humana num mundo em evolução.
Muito, boa a explicação, estou em fase em que consiste em obter informação para converter em auto conhecimento mútuo, obrigado...
Obrigada Fernando, também sou praticante de Nichiren Budismo, o Nam-Myoho-Renge-Kyo é minha estrada mestra e grande luz!
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