É cada vez mais crescente o relato de casos de estresse em executivos e empregados, no geral. Com a crescente exigência de resultados imediatos e lucrativos para as empresas, os funcionários estão perdendo seu tempo livre, sua capacidade criativa, sua saúde mental e física. Os que possuem família pouco tempo passam com a mesma e quando conseguem um momento conjunto, pouco aproveitam, seja por cansaço e/ou exaustão física e mental, o que gera pouca disponibilidade interna para doar sua energia para o outro.
Pesquisas no Reino Unido apontaram algumas doenças associadas ao estresse no trabalho como o alcolismo, problemas cardíacos, certas formas de câncer, enxaquecas, asma, renite alérgica, insônia, depressão, ansiedade, esgotamento nervoso, irritação constante, insatisfação no trabalho e muitos outros problemas médicos e sociais.
O medo do desemprego, bem como a impossibilidade de falhar, coloca o ser humano num estado de funcionamento nocivo para ele mesmo. A competição acirrada dentro das empresas e no mundo corporativo em geral também leva ao adoecimento. Muitos estudos vêm apontando a necessidade de mudanças nas organizações corporativas para que haja a diminuição do estresse. Além de causar problemas graves aos funcionários a empresa também perde, pois há um aumento de faltas por motivos de doenças, bem como diminuição da produtividade. Pessoas insatisfeitas rendem menos.
Muitos executivos que passam em meu consultório chegam no limite da exautão. A maioria já passou em psiquiatra anteriormente e chega medicado. Alguns relatam dores no corpo, medo de infartar, de não conseguir corresponder as exigências da empresa, depressão e ansiedade. Alguns utilizam-se de bebidas alcoolicas ou outras drogas no fim do dia para conseguir se acalmar. Quase todos sentem-se culpados por estarem neste estado. Sentem-se inábeis e questionam sua capacidade intelectual. Julgam-se sem resiliência. Todos levam trabalho para casa nos finais de semana e feriados.
Crenças socias
Como tudo que vira regra rígida, acaba por impactar negativamente a vida de todas as pessoas. Isto quer dizer que há uma crença compartilhada socialmente que se a maioria das empresas funcionam assim, então significa que quem está errado é o funcionário que não consegue se ajustar as demandas organizacionais. Crenças erradas interferem no modo de ação das pessoas em relação a vida no geral.
Desde o nascimento somos bombardeados com informações/crenças familiares, sociais e culturais. Muitas delas são passadas de geração em geração. No mundo corporativo, atualmente a crença dominante é o resultado acima de qualquer coisa. Algumas poucas empresas tem estipulado horário de saída dos funcionários. Mas se os mesmos levam trabalho para casa, o problema não foi resolvido.
Alguns fatores são importantes a serem considerados. Se a empresa não oferece um ambiente saudável cabe a cada um se questionar a necessidade de permanecer neste ambiente ou funcionamento. Olhar suas escolhas ao longo da vida e verificar se há uma constante repetição nos padrões, por exemplo se todas as empresas anteriores também apresentavam um ambiente semelhante. Verificar se realmente esta atividade faz sentido para você ou se foi escolhida em decorrência das experiências familiares, seja por pressão ou porque erao que esperavam de você.
A cobrança interna é um fator prejudicial ao julgamento. Esta é uma crença que leva a um funcionamento de sempre ter que fazer mais pois nunca é o sufuciente. A própria pessoa sente que precisa alcançar mais resultados o que também alimenta o funcionamento das empresas e vice-versa. Vira um ciclo vicioso.
Espaço para a criatividade pode ser uma solução, pois esta é um fator essencial à vida de qualquer pessoa. Infelizmente não há estímulo para tal, a não ser em empresas que funcionam através de processos criativos. A criatividade abre canais internos importantes que promovem o bem estar. Todos os seres humanos podem criar, mas para isso precisam de ambientes calmos internos e externos. Algumas empresas tem criado espaços coletivos para que os funcionários se encontrem e possam, durante uma hora ou mais, pensar em soluções para melhorias na empresa em todos os níveis. Esta ação além de incentivar o funcionário a participar do processo da empresa, aumenta a auto estima do mesmo, pois ele sente-se importante e capaz de oferecer algo a mais, de criar conjuntamente.
Outra solução, caso o indivíduo se veja sem saída, é buscar ajuda para repensar suas escolhas e encontrar novas possibilidades. Muitas das pessoas que atendi em meu consultório conseguiram desenvolver uma nova forma de funcionar, sem precisar sair da empresa. Também adquiriram mais qualidade de vida e melhoras físicas e emocionais.
Cristina Ciola Fonseca
Psicanalista, graduada na PUC-SP, com especialização na UNIFESP
Consultório particular (11) 5052 9286
crisciola@hotmail.com
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