Recentemente fomos visitar o tão comentado Ecomercado Avis Rara, em Campinas. Esse sim pode ser chamado de ECOmercado, pois tudo é ecológico e sustentável, a começar pela bio-arquitetura local feita em forma de um caracol. A madeira, a tinta, a hidráulica, a eletricidade, a mobília, enfim, tudo foi feito pensando em baixa agressão ao meio ambiente.
Os detalhes da arquitetura são muito bacanas e o que encontrei de mais interessante foi um mini poste de luz solar e lixos feitos com pneus.
Todos os produtos vendidos são orgânicos e deliciosos, além de alguns curiosos (provamos picolés de batata doce com beterraba, guaraná orgânico e suco de cidreira com açaí). Além disso, o eco mercado possui uma loja de produtos do mundo inteiro, uma biblioteca (onde se alugam livros por baixo custo), um salão de yoga, um centro de massagens e claro, o restaurante. Uma vez por mês existe a “feira-da-troca” onde pode-se trocar qualquer coisa (uma história por uma música, um livro por uma manta): vale tudo nessa feira, menos dinheiro!
Acreditamos e torcemos para iniciativas como essa, não só no contexto de integração ao ambiente como no potencial do negócio a longo prazo. O crescimento desta cadeia fará diminuir os valores dos produtos “sustentáveis”. Hoje, no mercado comum, uma sandália de pneu custa em torno de R$120,00. A proposta do Avis Rara de equilibrar consumo e sustentabilidade é ótima e muitas empresas deveriam se espelhar e começar. Mas vale lembrar que a construção do espaço foi 40% mais cara que uma comum , o almoço é mais caro, por conter matéria prima orgânica e natural e os produtos também são caros.
A eco- turminha então entrou em uma discussão: porque alimentos orgânicos e lugares sustentáveis são em geral mais caros? Sim, eles precisam de tecnologia e supervisão ainda muito especializadas no mercado além de terem, em alguns casos, uma produtividade mais restrita. Mas acreditamos bastante no outro lado que nos diz que o que estiver em “alta”, será mais caro. Exite também uma especulação da propagação do “eco-cool” e as grandes empresas estão olhando para isso como minas de ouro. Este fenômeno acontece também no Rio de Janeiro e em outras capitais. Até o Whole Foods, cadeia internacional de supermercados orgânicos, tem seus preços até 30% mais caros que o supermercado comum.
Mesmo diante de preços elevados e algumas dificuldades logísticas para o consumo orgânico, acreditamos que no longo prazo esta situação mudará. Até que o consumo orgânico e sustentável chegue às classes menos favorecidas, é necessário investimento em educação da população sobre a importância da alimentação saudável, da preservação dos recursos e do consumo consciente. Este sim, o consumo consciente, dirá ao consumidor se logistas, indústrias ou “marketeiros” estão sendo abusivos em sua cadeia, seja ela “sustentável” ou não.
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